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Saiba o que é BrCAST

Saiba o que é BrCAST
BrCAST e Padronização dos Testes de Sensibilidade

O BrCAST – ou Brazilian Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing – é um comitê formado pelas Sociedades Brasileira de Análises Clínicas, Infectologia, Microbiologia e Patologia Clínica/Medicina Laboratorial, tendo como principal objetivo a padronização nacional e a revisão periódica dos pontos de corte para a interpretação dos testes de sensibilidade aos antimicrobianos para uso clínico e fins epidemiológicos.

Um importante passo em direção ao controle mais eficiente da resistência microbiana foi dado no Brasil quando o Ministério da Saúde publicou a Portaria nº 64, em 11 de dezembro de 2018: "Determina aos laboratórios da rede pública e rede privada, de todas as Unidades Federadas, a utilização das normas de interpretação para os testes de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA), tendo como base os documentos da versão brasileira do European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing_EUCAST".

O prazo para os laboratórios se adequarem à metodologia BrCAST foi de12 meses, contados a partir da data de publicação da Portaria nº 64 de 11/12/2018 (prazo final 18/12/2019), porém, foi praticamente impossível cumprir tal exigência pois o Brasil sequer havia adequado a produção e importação dos insumos exigidos pela padronização. Início de 2020 a produção/importação de meios de cultura, cepas bacterianas para controle de qualidade e as novas concentrações de discos de antimicrobianos começaram a regularizar e os laboratórrios iniciaram então lentamente a implantação da nova padronização, algo que, para os laboratórios clínicos de pequeno porte se tornou impraticável devido a dois fatores determinantes: o alto custo para a fase de implantação e a falta de microbiologistas com expertise para absorver e colocar em prática e com segurança a nova padronização para os testes de sensibilidade em um momento em que a própria padronização nos deixou órfãos da Ampicila/sulbactam, o complexo Burkholderia cepacia ficou sem pontos de corte e a insegurança em quanto e como essa modificação refletiria na vida dos nossos clientes pacientes e hospitais. Outro grande atual problema para a padronização é a situação dos laboratórios que realizam os testes de sensibilidade em equipamentos de automação. Os fabricantes dos equipamentos para automação em microbiologia iniciarão a incorporação da versão BrCAST em seus equipamentos somente a partir deste ano (2021).

Então quais seriam as vantagens para o Brasil realizar uma padronização seguindo um documento baseado em diretrizes do comitê europeu ao invés de manter o CLSI (comitê americano Clinical and Laboratory Standards Institute)? 

Segundo Jorge Luis Mello Sampaio_SBM (Sociedade Brasileira de Medicina), coordenador geral do primeiro comitê BrCAST, 2014 a 2016, "O Brasil seguia historicamente até então as normas e diretrizes definidas pelo comitê americano Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI). Porém, com o agravamento do problema da resistência microbiana no país e com a criação do European Committee on Antimicrobial Susceptibility Testing (Eucast), em 2001, passou-se a avaliar e a observar comparativamente que em vários aspectos o Eucast se mostrava mais completo que o CLSI.  Para lançar seus documentos, o Eucast reavaliou todos os seus critérios, trazendo o conceito de que a farmacologia e a farmacocinética são mais importantes do que a detecção dos microrganismos de resistência. Um outro fator determinante para o Brasil padronizar os testes de sensibilidade seguindo a recomendação européia foi que o CLSI faz algumas avaliações uma ou duas vezes ao ano, mas nunca se teve notícias de uma revisão tão ampla como a que foi realizada pelo Eucast. Em uma análise geral nenhuma das duas normas é perfeita, tanto o CLSI quanto o  Eucast têm contribuições interessantes. O Eucast tem algumas limitações, como por exemplo a falta de critério interpretativo para ampicilina-sulbactam. Em contrapartida ao longo do tempo alguns trabalhos sedimentavam o conceito farmacocinética/farmacodinâmica,  trabalhos estes realizados por pesquisadores na Grécia e Itália e que nos mostravam que quando retirados os carbapenêmicos do esquema de tratamento, mesmo que eles estivessem classificados como resistentes pelos critérios do CLSI, haveria chances de aumentar o risco de mortalidade. Essa diferença poderia induzir o clínico com pouca experiência a retirar o carbapenêmico do tratamento. Nesse caso, os índices do Eucast são mais altos pelo fato dos critérios serem baseados em estudos de farmacocinética e farmacodinâmica, e não na detecção de mecanismos de resistência. Esse é um critério que guia as decisões do Eucast, porque dessa maneira é possível conseguir sucesso no tratamento". Também segundo Jorge Luiz Sampaio " O Brasil é uma Torre de Babel. As pessoas (laboratórios) usam documentos com versões diferentes, usam em inglês porque não se pode traduzir o documento do CLSI sem autorização (a poucos anos o CLSI liberou apenas uma parte gratuita da sua documentação, até então era uma minoria de laboratórios nacionais que mantinham atualizados os pontos de corte dos testes de sensibilidade conforme as publicações do CLSI).  Então nossa preocupação é ter um documento em língua portuguesa que possa ser seguido por todos os laboratórios do país e as atualizações nos pontos de corte sejam adaptadas sempre que modificadas".

Em junho de 2020 o Centro de Medicina Laboratorial já havia realizado a migração para a nova padronização. Atualmente já muito bem adapatados com a nova versão dos testes de sensibilidade e superada a fase crítica da transição, observamos ao longo destes últimos 6 meses que para os laboratórios que realizam o teste de sensibilidade pelo método disco difusão a nova padronização tornou a prática mais lenta e onerosa, mas em contrapartida se os microbiologistas aplicarem corretamente todos os critérios interpretativos para cada uma das classes de antimicrobianos em relação à cada uma das espécies bacterianas envolvidas, o teste de sensibilidade com a nova versão se torna tanto quanto ou mais seguro que a versão CLSI.

 

Rosane Poplawski - Farmacêutica Bioquímica, Microbiologista
Centro de Medicina Laboratorial
                                                                             


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